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sábado, 6 de fevereiro de 2010

“Que Lucia não termine se casando, por favor”

SEXTA-FEIRA, 05 DE FEBRERO DE 2010

“Que Lucia não termine se casando, por favor”



SEXTA-FEIRA, 05 DE FEBRERO DE 2010


Por: Moira Soto

“Sinceramente, estou passando pelo melhor momento de minha existência, de uma vitalidade enorme, de grande intensidade diária que vou levando bastante bem, até mesmo nos momentos em que me vence o cansaço. Por sorte, estes projetos têm data de vencimento, o que te permite dosar as energias” , diz Muriel Santa Ana, um espetáculo de atriz, dotada para a comédia e o drama, para o teatro e a TV (só falta que a descubra o cinema), integrante do grupo de música experimental pop rock Ambulancia.

Olhando para trás para o caminho que você percorreu, se nota que você não se apressou, que foi abrindo-o em diferentes direções que se auto arfimaram entre si...
–É assim, minha impressão é a de um passo tranquilo, contínuo. Pequenos passos, talvez, em uma linha ininterrumpita de experiências, de pessoas, de lugares que foram armando o mapa da minha vida até agora.

Uma das experiências foi quando você interpretou textos de Borges com seu pai.
–Sim, em 94, 95. Estudava nessa época com Guillermo Angelelli em um momento de grande compromisso, quase religioso, com o teatro. Estava muito comprometida com Borges e meu pai, quase como dando uma tarefa de pai para hija, me disse que organizaria os textos que mais me agradaram. Preparei um repertório sem saber para que. Telefonavam para ele de diferentes lugares para que declamasse poemas. Foi assim que fizemos alguns recitais, foi muito lindo.

Quando você se preparava como atriz, sabia qual ia ser a sua parte da comédia?
–Até agora, minha melhor experiência teatral foi em 'Las tres hermanas', interpretando a Natascha, personagem que tinha traços de loucura, de um humor involuntário e patético. Na televisão a lenguagem é outra, que depende muito da velocidade da cena, de como se conta para a câmara, a edição, a música que pode realçar... Se falamos de uma inclinação, posso te dizer que desde de menina brotava em mim um sentido de humor para contar qualquier historia. Porém claro, provocar riso a sua família não é o mesmo que pôr no seu hombro situações de comédia e fazê-las funcionar dentro de uma ficção. A verdade é que antes pensava que ia ir para o lado do drama, me via adulta fazendo a Hécuba em 'Las troyanas', marcada pelas atuações de María Rosa Gallo, de Elena Tasisto... Nos últimos anos fiz o 'Woyzeck' de García Wehbi, a oscuridão total, uma tristeza. Depois, Chicas católicas, um plano de comicidade desaforada. Me dei muito bem com Verónica Llinás e me senti cômoda fazendo comédia.

Porém não tanto como em Ciega a citas?
–Bom, neste programa tenho uma libertade enorme para dizer o que me der na telha a partir do script, que está muito bom. Isso me diverte muito, improvisar dentro das margens que permite a cena. Me apoderei de Lucía, a entendo, a tenho. Posso me equivocar alguma vez, porém sei que estou bem orientada.

Como vem levando isto de ser a protagonista de uma novela?
–É uma loucura. Hoje justamente eu dizia a um amigo que sem a experiência de 'Lalola', Ciega a citas teria sido impensável para mim. Pelo ritmo que aprendi a controlar e por ter visto a uma atriz como Carla Peterson a frente de uma ficção. O trabalho dela era espetacular, sua alegria de trabalhar com semelhante responsabilidade. Então pensei que se alguma vez tivesse a oportunidade de fazeralgo desse estilo, eu ia ir por esse caminho: estar conectada, trocar experiências com os atores. Que é o que faço agora: ponho minha vida todos os dias aí. Posso estar exausta, não aguentar mais, porém não quero deixar de participar, de compartilhar com este elenco esquisitíssimo, tão especial, com alta porcentagem de gente pouco conhecida. Embora haja nomes como os de Georgina Barbarossa, Osvaldo Santoro, Rafael Ferro, Silvia Montanari...

Entre as atuações de figuras desconhecidas para a maioria do público, vale destacar a Luz Palazón, que demonstra aquilo de que não existem os personagens pequenos.
– Você viu o que é Luz? O estado, o olhar que tem esse personagem. Ela introduce outra cor, outra temperatura. Eu me agarro muito a Luz. Sou de me grudar aos atores, lhes peço que não me deixem só.

A atuação de Silvia Montanari tem uma espécie de renascimento.
–Silvia traz o espírito da comédia e é uma pessoa encantadora. As devoluções mais comovedoras me tem dado Silvia, ao ouvido. Desde o primeiro dia a senti próxima, pelo tom que usou para me dizer “Que Deus te abençõe”. Meus olhos se encheram de lágrimas.

Como te caiu o personagem de Lucía logo de entrada?
–Bem, porque sei até onde vai, conheço seu caminho de mudanças. Me agrada porque a sua maneira não se rende. Está em uma idade, os trinta e tantos, nos quais as mulheres nos complicamos bastante. Lucía sente que chegou tarde a alguns lugares. Tem suas ambições como jornalista, porém lhe dão o horóscopo, as cartas de leitores. Nesse sofrer a aceito, a amo. O que me afasta é auto-compaixão, quando se vitimiza. Lucía se põe em movimento pela aposta que fez a mãe, porém a ela não lhe pesa a solidão. Isso também me agrada, é forte. Porém não habita seu mundo ainda. E é digna filha de sua mãe: autoritária, despreciativa acima de tudo com os fracos. Tudo isto com o delicado equilíbrio que pede a comédia: aqui queria mencionar a Gustavo Luppi no set de gravação e Daniel de Felippo nas cenas externas, que a partir da linha de Taratuto, sustentam o dia-a-dia. Enquanto a Manucha e Lucía... poderiam aproximar-se, porém os esforços que fazem são em vão, errôneos. A mãe não aceita a autonomia da filha, tão pouco esse corpo com uns quilos a mais. E Lucía deseja, necessita que Manucha a escute, a olhe, a valorize. Muitas garotas aos 30 se aproximaram de mim para me dizer seriamente que suas mães são como Manucha.

É muito forte, muito crível a química fraterna que se dá com María Abadi.
–Sim, Lucía tem essa debilidade com sua irmã Irina, por mais que brigem. E a verdade é que eu atúo com María e me emociono, algo mais além da cena. Eu, Muriel, tenho debilidade por María, lhe tenho muito carinho, me comovo por tudo o que lhe passou sendo tão jovem. Compartilhamos camarim, lhe enco o saco: María, as garrfas se jogam fora! Depois me acalmo: Conta-me, como você esteve no fim de semana...

Como pode terminar Lucía?
–Intúo que com Ugly, me atrai a idéia desse encontro porque ele a ama por ela mesma, tal qual é. Embora devo dizer que preferiria que ela não terminasse com alguém. Que faça a mudança, sim, que descubra que pode estar disponível para o amor, porém que este não seja seu único eixo. Que esteja verdadeiramente bem com ela mesma. E que não termine se cansando, por favor. Se a coisa vai pelo caminho do casamento , renuncio. Esta não é uma comédia escapista, trata sobre temas vitais, profundos. Eu me sinto interessada, modificada. O tema do corpo é uma coisa muito séria.


FONTE: http://www.pagina12.com.ar/diario/suplementos/las12/subnotas/5491-575-2010-02-05.html

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